Este blog foi o meio que achei para poder aproveitar as fotos que eu tiro pelo país e compartilhar um pouco de uma das minhas grandes paixões que é o mundo animal. Espero que seja útil e que aproveitem!
domingo, 29 de janeiro de 2012
Choquinha-de-flanco-branco
Choquinha-de-flanco-branco (Myrmotherula axillaris)
Classe: aves
Ordem: passeriformes
Família: thamnophilidae
Espécie de distribiuição disjunta com populações da Nicarágua à Bolívia, Amazônia brasileira, peruana, equatoriana, venezuelana e da Guiana Francesa, Guiana e Suriname. Também na Mata Atlântica, de Pernambuco ao norte do estado de São Paulo.
Habita áreas de mata de terra firme, várzeas e igapós na Amazônia e matas de tabuleiro, hiléia baiana e matas de baixada na Mata Atlântica, normalmente nos estratos baixo e médio da floresta.
Como outras espécies da família, M. axillaris é insetívoro, mas também se alimenta de artrópodes diversos, como aranhas, opiliões e diplópodes. Seguem formigas-de-correição (principalmente do gênero Eciton).
Espécies do gênero Myrmotherula são consideradas menos vigilantes do que as demais e desse modo pode ser vantajoso associar-se a bandos mistos.
Seu ninho é como uma cestinha aberta, feito com fibras, hastes e musgo. A fêmea coloca 2 ovos e ambos os pais ajudam na construção do ninho e do cuidado da prole. A incubação de M. axillaris é de 16 dias.
Algumas espécies da família thamnophlidae sofre com os desmatamentos. São animais que preferem áreas sombreadas, com sub-bosque e a perda de hábitat expõe o interior da floresta à luz e cria um grave efeito de borda. Não sei dizer se a choquinha-do-flanco-branco também sofre com isso. A espécie está fora de perigo.
A foto foi tirada no Morro da Urca, na cidade do Rio de Janeiro.
Fontes:
Ornitologia brasileira - Helmut Sick
Aves do Brasil - Tomas Sigrist
www.iucnredlist.org
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Garça-branca-grande
Garça-branca-grande (Ardea alba)
Classe: aves
Ordem: pelecaniformes
Família: ardeidae
Uma das aves mais conhecidas no Brasil, é comum em praticamente todo lugar que tenha água e alguma cobertura vegetal. Utiliza bordas de matas próximas a rios, lagos, paranás (na Amazônia), manguezais, estuários e outros ambientes aquáticos, inclusive em pequenas porções d'água em cidades (como no Parque Hermógenes F. Leitão Filho, o Lago da FEF na Unicamp ou mesmo um pequeno laguinho que havia atrás da biologia na mesma universidade).
Ocorre em diversas partes do mundo como Austrália e Nova Zelândia, do oeste da Ásia (não incluindo o Oriente Médio) ao leste da China e Japão, partes da Europa, África, com exceção dos desertos, praticamente toda a América do Sul até o sul do Canadá e todo o Brasil.
Consome praticamente todo tipo de presa de hábitos aquáticos e semi-aquáticos como peixes, o principal item de sua dieta, pererecas e sapos, caranguejos, moluscos, pequenos répteis (incluindo filhotes de jacarés) e consta que se alimenta até de cobras e preás.
Para caçar se movimenta sorrateiramente, andando com cuidado para não se mostrar demais e lança seu pescoço em direção à presa. É possível se aproximar bastante desse animal, pois é bastante confiado.
Possui atividade diurna e no crepúsculo é bastante comum observá-las voando em bandos, às vezes aos milhares, para os dormitórios que ficam branquinhos de tanto indivíduo junto. Podem pernoitar junto de garças-brancas-pequenas (Egretta thula), colhereiros (Platalea ajaja) e cabeças-secas (Mycteria americana). Essas colônias são chamadas no Pantanal de "viveiros brancos".
O casal permanece junto desde a corte até o cuidado com os filhotes no ninho.
Migram dos Estados Unidos à América do Sul (algumas populações permancem na América do Norte ao longo do ano e se reproduzem po lá) e localmente também na Amazônia, acompanhando o ciclo de cheia e seca das águas.
Consta que no final do século XIX e inicío do século XX o comércio de penas de A. alba era intenso na América do Norte causando um rápido declínio na população da espécie. Porém hoje os números voltaram a aumentar. É um animal fora de perigo de extinção.
As fotos, na ordem:
Primeira: close de um indivíduo que sempre estava na Pousada Uacari, Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, Amazonas.
Segunda: voando, juntamente com alguns quero-quero (Vanellus chilensis) na Fazenda Nossa Senhora do Carmo, município de Corumbá/MS, Pantanal.
Terceira (esquerda): indivíduo comendo um peixe no lago Janauacá, próximo à Manaus/AM.
Quarta: indivíduo na Pousada Uacari, RDS Mamirauá.
Quinta (esquerda): indivíduos empoleirados em uma árvore no lago Mamirauá, RDS Mamirauá - março de 2009, época da enchente.
Sexta: garças sobre a vegetação flutuante no lago Mamirauá - fevereiro de 2009, época da enchente.
Sétima: Garças empoleirando-se no fim do dia no lago Janauacá - janeiro de 2011, inicío da enchente.
Oitava: garças no Lago dos Reis, região do Careiro/AM - setembro de 2010, época de seca.
Fontes:
http://www.museum.lsu.edu/~Remsen/SACCBaseline.html
www.iucnredlist.org
Ornitlogia Brasileira - Helmut Sick
Aves do Brasil - Tomas Sigrist
Complete Birds os North America - National Geographic
Lista das Aves do Brasil - www.cbro.org.br
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
Bodó
Bodó (Pterygoplichthys pardalis)
Classe: actinopterygii
Ordem: siluriformes
Família: loricariidae
Não posso garantir o nome científico dessa espécie, pesquisei algumas fotos e os nomes e estou confiando no site http://www.grandemanaus.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=381:acari-bodo&catid=60:peixes&Itemid=186 que coloca o acari-bodó como Liposarcus pardalis, porém segundo o site www.fishbase.org o gênero mudou para Pterygoplichthys. Desconfio que o bodó a que me refiro no blog possa ser do gênero Hypostomus. Se algum leitor discordar ou souber se esse nome é certo ou não, por favor me diga.
De qualquer forma o bodó é um peixe muito apreciado na Amazônia. Na cidade de Tefé, onde eu morei, é bastante comum vê-lo servido nas feiras ou em barraquinhas de churrasco em frente às casas. Nas comunidades ribeirinhas também é muito consumido. Na maioria das vezes (não sei dizer se são todas) esse peixe é grelhado ainda vivo. Nunca comi. Acho um peixe muito bonito e interessante, mas não acho uma comida bonita.
Consome-se o bodó com a mão, partindo ele ao meio e comendo-o todo, inclusive as vísceras. Pelo menos esse é o jeito tradicional.
O corpo é revestido de placas ósseas, duras que pode agir como uma forma de proteção, como uma armadura. Possuem cerca de 40cm.
O bodó fica sempre junto ao substrato, seja o solo, pedras ou pedaços de pau e sua boca ventral o ajuda a comer os detritos, algas e pequenos animais que ficam nesses locais. Também se esconde dentro de cavidades naturais e os bodós constróem ninhos nas barrancas dos rios (logicamente quando a água está alta), como ilustrado na segunda foto, tirada no Lago dos Reis, região do Careiro/AM, alto Amazonas.
Ocorre na Bacia Amazônica e as duas fotos foram tiradas de exemplares pescados no Rio Negro.
Fontes:
www.fishbase.org
http://www.grandemanaus.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=381:acari-bodo&catid=60:peixes&Itemid=186
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Boto-vermelho
Boto-vermelho (Inia geoffrensis)
Classe: mammalia
Ordem: cetartiodactyla
Família: iniidae
O boto-vermelho como é conhecido na Amazônia é um animal um tanto quanto peculiar e você, leitor, vai entender o porque ao longo dessa postagem. Praticamente tudo que vou compartilhar aqui no blog eu devo à Vera da Silva, pesquisadora do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) e às minhas amigas Glória Hidalga, que no momento está fazendo mestrado na Espanha e à Deise Nishimura, ambas ex-estagiárias do programa "Boto-vermelho" da parceria Inpa-Idsm.
Inia geoffrensis é originário do Oceano Pacífico e entrou no ambiente que atualmente é a Amazônia a cerca de 20 milhões de anos, quando o rio Amazonas corria para oeste e os Andes ainda não tinham soerguido completamente.
Hoje em dia é uma espécie que sofre muita pressão antrópica, sendo alvo de pescadores predatórios que caçam esses animais para transformá-los em iscas de um peixe conhecido como piracatinga (Calophysus macropterus), que depois de pescado é exportado para países como a Colômbia e até para outras regiões do Brasil. Curiosamente não é muito apreciado pela população local. Desse modo as populações da espécie vêm declinando, mas a IUCN atualmente alega não possuir dados suficientes para definir em qual categoria que o boto-vermelho se encaixa, muito embora a última classificação tenha sido vulnerável.
Na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá há o projeto da professora Vera da Silva e do professor Tony Martim (Inglaterra) que estuda, entre outras coisas, a quantidade de animais que habitam e visitam a área. Parece que nos últimos 15 anos, a quantidade de botos diminuiu cerca de metade do que havia. Em um artigo de 2004 Martim e da Silva estimaram aproximadamente 13.000 botos na área de Mamirauá (11-18% das áreas de várzea da Amazônia brasileira).
O boto-vermelho ocorre no complexo Amazonas-Orinoco, incluindo o rio Negro, englobando o Brasil, Colômbia, Peru e Venezuela. É uma espécie típica de ambientes de várzea e igapó.
Possui algumas características bem particulares. A começar pelo melão bem desenvolvido, aquela protuberância na cabeça, um órgão sensorial, que o ajuda a perceber o ambiente que está em sua volta, como obstáculos, outros animais e presas. É como um sonar e o nome que se dá a esse fenômeno é ecolocalização. Possui olhos, mas são muito pequenos.
Outra característica marcante é o tamanho da boca, que é alongada e o ajuda a capturar peixes, suas presas principais, em emaranahados de raízes e locais de difícil acesso para quem tem "bico" pequeno. Além disso, possui dois tipos de dentes, os tradicionais cônicos e alguns semelhantes a molares, possibilitanto a ele capturar uma maior variedade de peixes.
É fácil de observar que o boto-vermelho não possui uma barbatana dorsal proeminente, ao contrário de outros golfinhos. Entretanto, suas nadadeiras são grandes e permitem ao animal se movimentar para frente e para trás, permitindo que ele entre na floresta alagada, em meio a árvores e outras plantas e consiga "dar ré" para fora. Outra coisa que o ajuda nessa tarefa é a não-fusão das vértebras do pescoço, dando mais maleabilidade ao corpo.
Botos dão à luz a um único filhote que fica com a mãe por cerca de 2 anos. Pode acontecer de a mãe estar com um filhotão, que já vai ficar independente, e ter um outro filhote, mas não é o caso mais comum. Os machos brigam ferozmente entre si pelas fêmeas, numa disputa que produz muitas cicatrizes e arranhões, deixando-os com a aparência roseada. Quando nascem são cinzas e vão perdendo pigmentação ao longo do tempo e umas das coisas que ajudam nessa perda, são exatamente as brigas. Normalmente machos adultos são mais rosas do que os outros indivíduos.
Mas algo novo e extraordinário que a Vera, Tony, Edinho (um morador da comunidade Vila Alencar e incrível conhecedor desses animais) e os estagiários descobriram foi que os machos, além de brigões, podem ser também gentlemans.
Eles pegam com a boca pedaços de pedra, porções de vegetação flutuante e até animais e mostram às fêmeas esses "presentes", num ritual de agrado a elas. É como nós humanos, que damos flores à namorada.
A relação mais estreita que há entre os indivíduos é entre mãe e filhote. Não vivem em grupos e quando observamos muitos animais juntos pode ser que seja por disputa pelas fêmeas ou um local com muito alimento e os indivíduos estão lá apenas por interesses próprios.
Podem viver cerca de 50 anos e a maturidade sexual começa pelos 5-6 anos nas fêmeas e 7-8 anos nos machos.
Se você for pra Mamirauá e observar botos com marcas no dorso, como letras e números, saiba que são animais que foram capturados pelo projeto da Vera e devolvidos à água. Nessa captura os pesquisadores tiram sangue, pedaços de tecido, pesam e medem o indivíduo, entre outras coisas. A marcação é para a observação diária de estagiários juntamente com o Edinho. Observando os botos diariamente é possível saber quais indivíduos vivem por aquela região, quem é filho de quem, etc. São mais de 15 anos de trabalho.
A primeira e quarta fotos são no lago Mamirauá; a segunda e terceira na entrada da RDS Mamirauá, no rio Japurá e a última em Novo Airão/AM, rio Negro.
Fontes:
A principal, como já disse, foram as conversas e palestras da Vera, Deise e Glória.
Martin, A.R., Da Silva, V.M.F. Number, seasonal movements, and residency characteristics of river dolphins in an Amazonian floodplain lake system. Can. J. Zool. 82: 1307–1315 (2004)
www.iucnredlist.org
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Arancuã-do-pantanal
Arancuã-do-pantanal (Ortalis canicollis)
Classe: aves
Ordem: galliformes
Família: cracidae
Quem já foi pro Pantanal vai se lembrar desse bicho. Lembra uma galinha magra e mais comprida, mas é muito, muito mais barulhento (lembrando que a galinha-doméstica, Gallus gallus, é da família phasianidae, também da ordem Cracidae).
O que mais chama atenção no arancuã, portanto, é o canto alto e incessante e em quase qualquer hora do dia. Por lá chamam de "despertador do pantanal", pois é muito comum acordar ao som desse animal. Os moradores locais também criaram frases interpretando o canto do arancuã, tais como "quero casar, quero matar". Várias vezes, quando eu escutava o bicho cantar de madrugada é porque eu suspeitva de algo diferente ocorrendo no mato. Quem sabe não era um grande predador nas redondezas?
O arancuã-do-pantanal mede cerca de 50-56cm e pesa entre 480-600g. Os cracídeos em geral são muito apreciados pelas populações locais e constituem fonte de proteína importante para elas, porém O. canicollis não parece ser caçado e nunca ouvi falar sobre isso no tempo que morei no Pantanal. Segundo a IUCN, a espécie está fora de perigo.
Além dos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a espécie ocorre no sul e leste da Bolívia, Paraguai e norte da Argentina. Habita matas secundárias, capões, capoeiras, matas ciliares, áreas com palmeiras como carandás e acuris e próximos às casas, nas fazendas.
Vive em casais, mas também agrega-se em bandos que chegam até 30 indivíduos. Depositam até 4 ovos, de coloração alaranjada ou creme-escuro, em ninhos feitos com galhos secos, cipós e folhas nas árvores ou arbustos a cerca de 3m do solo. Os ovos são chocados por 28 dias e poucos dias depois de eclodir os filhotes já acompanham os pais pelas árvores.
Podemos observar nas árvores ou no solo se alimentando preferencialmente de frutos, mas também de folhas, flores e até lagartas.
As 3 fotos foram tiradas na Pousada Xaraés, município de Corumbá/MS, Pantanal. A primeira foi na seca de 2008 e as outras duas na vazante de 2011. O animal da terceira foto estava se alimentado de mexericas que haviam caído no chão.
Fontes:
Ornitologia Brasileira - Helmut Sick
Aves do Brasil - Tomas Sigrist
www.iucnredlist.org
www.wikiaves.com.br
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
Corta-água
Corta-água (Rynchops niger)
Classe: aves
Ordem: charadriiformes
Família: rynchopidae
Belíssima e diferente ave com uma posição taxonômica complicada. Alguns propõem como subfamília Laridae, mas segundo o Comitê Sul-americano de Classificação faz parte de uma família própria.
Possui a mandíbula maior do que a maxila e o bico é provido de uma grande quantidade de vasos sanguíneos e nervos, facilitando a orientação tátil durante as pescarias. O ponta do bico se quebra eventualmente e também se regenera. A forma do bico impossibilita o corta-água de obter alimentos do solo.
É a única ave que possui as pupilas em forma de fenda, mas os olhos são pequenos.
Mede cerca de 50cm.
Podemos observar Ryncops niger em atividade tanto de dia quanto de noite, mas frequentemente vemos os animais descansando nas praias durante o dia.
Se alimenta de peixes pequenos e crustáceos que ficam próximos à superfície da água e o faz de um modo bem peculiar, voando rente à água, com o bico aberto, sendo que a mandíbula passa parte dentro da água, como se a cortasse.
Deposita de 1 a 3 ovos, amarronzados e com manchas em buracos na areia nas praias fluviais. vários casais nidificam próximos e também perto de outras espécies como trinta-reis (Phaetusa simplex) e trinta-réis-anão (Sterna superciliaris). Já visitei praias em que esses animais ovipõe na região do rio Negro, próximo ao Parque Nacional do Jaú (chamada Praia da Velha) e no rio Japurá, próximo à Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.
Ocorrem da Argentina aos Estados Unidos, incluindo as ilhas do Caribe e no Brasil todo.
Habita praias fluviais, margem de rios e lagos florestados e migra até regiões da orla marítima e estuários, mas fora do período de reprodução.
Embora pareça que a população de corta-água venha declinando, ainda é muito grande e a espécie possui uma distribuição bastante grande, o que confere a ela o status de fora de perigo de extinção.
As duas primeiras fotos foram tiradas na comunidade Caburini, RDS Mamirauá, durante a seca de 2009; a terceira foi na Pousada Uacari, também RDS Mamirauá; a quarta foi no rio Negro em 2010; e a última foi na Pousada Xaraés, município de Corumbá/MS, pantanal, junto de indivíduos de tapicuru-da-cara-pelada (Phimosus infuscatus)
Fontes:
Ornitologia Brasileira - Helmut Sick
Aves do Brasil - Tomas Sigrist
Complete Brids fo North America - National Geographic
www.iucnredlist.org
http://www.museum.lsu.edu/~Remsen/SACCBaseline02.html
domingo, 15 de janeiro de 2012
Tracajá
Tracajá (Podocnemis unifilis)
Classe: reptilia
Ordem: testudines
Família: podocnemididae
O tracajá é um quelônio amazônico encontrado nas bacias do Amazonas, Orionoco, Tocantins e Araguaia, ocorrendo no Brasil, Bolívia, Equador, Peru, Guianas, Suriname, Venezuela e Colômbia. Devido à grande pressão de caça que essa espécie sofre (para alimentação e comércio) as populações vem declinando. É considerada vulnerável pela IUCN e faz parte do apêndice II da Cites, o que significa que a espécie pode ou não estar ameaçada de extinção, mas cujo comércio deve ser evitado para a conservação.
Os machos adultos e os jovens (segunda foto - Comunidade Caburini, RDSM) possuem manchas amarelas na cabeça e as fêmeas, marrom.
Quando em época de seca a alimentação do tracajá se baseia principalmente em matéria vegetal, um pouco menos em sedimentos e também alguma coisa de matéria animal. Os jovens costumam se alimentar de matéria vegetal flutuante.
A desova dos tracajás é feita na época de seca (terceira foto - ressaca do Acácio no lago Mamirauá, setembro 2009), quando as praias ficam expostas e parece não se importar com a qualidade do substrato, pois desova em praias secas, lama semi-seca, barrancos nas margens dos rios, paranás e lagos. Não desova em grupo, como faz a tartaruga-da-amazônia (Podocnemis expansa). Constrói um ninho com cerca de 15cm de profundidade, colocando entre 11 a 35 ovos e a desova pode ser feita até duas vezes no mesmo ano. A incubação demora entre 50 a 70 dias e nem sempre os filhotes saem imediatamente do ninho após a eclosão. Quando saem, vão diretamente para a água.
A predação de ovos e filhotes é intensa. Lagartos, jacarés, peixes, aves e alguns mamíferos são os principais predadores naturais. O ser-humano costuma pegar ovos para comer. Quando adultos, além do ser-humano, a onça-pintada (Panthera onca) é um conhecido predador.
Como em outros répteis a temperatura dos ovos é que determina o sexo do animal. No tracajá, acima de 32°C gera fêmeas e abaixo, machos.
Existem algumas iniciativas para a conservação dos quelônios amazônicos. Na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (fotos 4 e 5 - soltura dos quelônios na Comunidade Novo Tapiira. Nesta foto temos, além de tracajá, tartaruga-da-amazônia e iaçá) e na RDS Uatumã projetos encabeçados pelos próprios comunitários estão tentando aumentar as populações desses animais. Atualmente o Instituto Mamirauá e o Idesam (um em cada reserva, respectivamente) colaboram e participam também. Mas há outros trabalhos em diferentes locais, como na Rebio Trombetas, mas esse eu não tive contato.
Fontes e mais informações:
Vismara, M. R. Influência do Mmanejo de ninhos de Podocnemis unifilis sobre o Desenvolvimento de embriões no lago Erepecu, REBIO-Trombetas (PA). Programa de Pós-graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia 2009.
Teran, A.F., Von Mülhen, E. M. Período de desova e sucesso reprodutivo do tracajá Podocnemis unifilis Troschel 1848 (Testudines: Podocnemididae) na várzea da RDSM - Médio Solimões, Brasil. Uakari
Salera Junior, G., Malvasio, A., Portelinha, T.C.G. Avaliação da predação de Podocnemis expansa e Podocnemis unifilis (Testudines, Podocnemididae) no rio Javaés, Tocantins. Acta Amazonica vol. 39(1) 2009: 207 - 214.
www.iucnredlist.org
www.cites.org
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
Serra-pau
Besouro serra-pau
Classe: insecta
Ordem: coleoptera
Família: cerambycidae
Esse indivíduo eu fotografei dentro do barco numa viagem pelo rio Negro. Não tenho a identificação da espécie e quem me disse a família foi meu amigo Bruno Buzatto.
Os cerambicídeos, em geral, possuem longas antenas e algumas espécies uma mandíbula bem destacada.
Depositam seus ovos nos galhos ou troncos das plantas e as larvas são como brocas, que devoram a madeira da planta hospedeira. Também se alimentam de sementes.
Já foram descritas cerca de 35000 espécies no mundo, sendo 5000 no Brasil.
Infelizmente não achei muito mais informações.
Fontes:
http://www.acervodigital.ufrrj.br/insetos/insetos_do_brasil/conteudo/tomo_09/21_cerambycidae.pdf
http://pt.scribd.com/doc/49822529/26/CERAMBYCIDAE
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
Canário-da-terra
Canário-da-terra (Sicalis flaveola)
Classe: aves
Ordem: passeriformes
Família: emberezidae
Estava assistindo SPTV hoje e uma das reportagens foi sobre a apreensão em São Paulo de centenas de canarinhos que vinham transportados em gaiola do interior do Estado. Procurei a notícia nos sites da Folha de São Paulo, Estado de São Paulo e da Globo.com, mas não consegui achá-la para divulgar aqui. O tráfico de animais - e canários-da-terra são um dos mais procurados - é comum, mas a imprensa não divulga como necessário. Então o bicho de hoje é nosso bonitinho e simpático canarinho.
Embora seja muito caçado, principalmente porque seu canto é bastante melodioso, o canário-da-terra está fora de perigo de extinção, ao menos por enquanto. Isso se deve ao fato da espécie ocorrer em uma área bem ampla no continente americano, se estendendo do Uruguai à Bolívia e no Brasil do Rio Grande do Sul ao oeste do Mato Grosso e até o Maranhão, incluindo as ilhas do litoral de São Paulo e Rio de Janeiro. Há populações disjuntas no oeste do Peru e Equador, no norte da América do Sul, entre a Guiana Francesa e a Colômbia e nas Antilhas Holandesas, Aruba, Ihas Caiman, Porto Rico e Trinidad e Tobago. A espécie foi introduzida nos EUA, Jamaica e Cuba.
Habita áreas abertas e semi-abertas, campos sujos, campos limpos, pastos, caatingas, plantações e fazendas. Podem ser prejudiciais aos arrozais, uma vez que se alimentam em bandos desse grão.
O macho é amarelo escuro, com estrias pretas nas asas e as fêmeas são pardo-oliváceas. Possuem cerca de 13-14cm.
Se alimenta de sementes.
Costuma nidificar (o ninho é uma cestinha) em buracos ou cavidades naturais, ninhos de joão-de-barro (Furnarius rufus) ou ninhos de gravetos de outros furnarídeos. Podem nidificar em caixas ou bambus perfurados e até mesmo em caveiras de boi. Podem chocar até 3 vezes no ano. Quando da época de reprodução vivem em casais e durante o acasalamento o macho canta no seu território a partir de locais elevados.
As 3 fotos foram tiradas de lugares diferentes: a primeira foi no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, a segunda na cidade de Itacarambi/MG no Vale do Peruaçu e a última na Fazenda Xaraés, no município de Corumbá/MS - Pantanal.
Fontes:
Ornitologia Brasileira - Helmut Sick
Aves do Brasil - Tomas Sigrist
www.iucnredlist.org
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
Tatu-peba
Tatu-peba (Euphractus sexcinctus)
Classe: mammalia
Ordem: xenarthra
Família: dasypodidae
A América do Sul separou-se da África há aproximadamente 100 milhões de anos atrás e manteve-se como uma ilha até 3 milhões de anos atrás, quando o istmo do Panamá surgiu e uniu as Américas. Foi aqui que evoluíram os Xenartros, uma ordem peculiar cujo significado é "juntas estranhas", pois possuem articulações adicionais entre as vértebras lombares que reforçam a espinhal dorsal, ajudando os na tarefa de cavar, algo que os tatus fazem muito bem.
O tatu-peba ocorre do Uruguai à Bolívia e ao sul do Suriname e Guiana Francesa. No Brasil ocorre em todo o sul, sudeste, nordeste e centro-oeste (exceto o extremo oeste do Mato-Grosso) e parte do Pará e Amapá.
Habita áreas abertas e semi-abertas, cerrados, pantanal, bordas de mata, plantações e até próximo à casas nas áreas rurais.
São onívoros e comem restos de animais mortos, pequenos vertebrados, invertebrados, frutas, raízes, coquinhos. No Pantanal costumam se alimentar de cocos de acuri (Attallea phalerata). Possuem ótimo olfato, mas a visão é bem fraca.
São diurnos, mas também é possível observá-los em atividade à noite. Podem utilizar os mesmos buracos várias vezes.
Possuem em média 4-5kg.As fêmeas dão à luz entre 1 e 3 filhotes e a gestação dura cerca de 2 meses. A maturidade sexual se dá com 9 meses.
E espécie está fora de perigo de extinção.
Todas as fotos foram tiradas na região da Pousada Xaraés, pantanal sul-matogrossense, município de Corumbá. A primeira foi numa área de campo limpo na Fazenda Nossa Senhora de Fátima, a segunda dentro de um capão na mesma fazenda, a terceira enquanto farejava os lixos da Pousada e a última entre dois capões na Fazenda Nossa Senhora do Carmo.
Fontes:
Mammals of the Neotropics - John Eisenberg e Kent Redford
A Grande História da Evolução - Richard Dawkins
www.iucnredlist.org
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
Periquitão-maracanã
Periquitão-maracanã (Aratinga leucophthalma)
Classe: aves
Ordem: psittaciformes
Família: psittacidae
Mais uma espécie dessa bonita e curiosa família para o blog. Ao contrário de muitos outros animais, A. leucophthalma se beneficia com os desmatamentos, pois é uma espécie sinantrópica e que habita a orla da mata, plantações, florestas, áreas abertas e semi-abertas, manguezais, cerrados, matas de galeria e logicamente cidades. As duas primeiras fotos foram tiradas na cidade de Manaus/AM e a terceira em Campinas/SP.
Ocorre em todos os biomas brasileiros, do Rio Grande do Sul ao Amazonas e Amapá. Ausente no norte da Amazônia, parte do Nordeste e Centro-Oeste. Vai do Uruguai e Argentina ao Equador, Guianas e Suriname e possui distribuição disjunta na Venezuela. Sempre a leste dos Andes.
Possui cerca de 33cm e não tem dimorfismo sexual. Costumam voar em bandos grandes, chegando até a 40 ou mais indivíduos.
Se alimentam de frutos (manga na primeira foto e goiaba na segunda), brotos, flores e folhas. Schubart et al 1965 encontrou insetos no estômago de alguns indivíduos.
Podem nidificar em paredões rochosos onde também costumam pernoitar. Também descansam em plantações e sob o telhado das casa, outro local propício aos ninhos.
Vocalizam muito e alto, mas quando estão em uma árvore é sempre muito difícil de achá-los devido à sua coloração camuflante com as folhas.
A espécie está fora de perigo.
Fontes:
Ornitologia Brasileira - Helmut Sick
Aves do Brasil - Tomas Sigrist
www.iucnredlist.org
De Faria I.P. Peach-fronted Parakeet (Aratinga aurea) feeding on arboreal termites in
the Brazilian Cerrado. Revista Brasileira de Ornitologia 15(3):457-458
setembro de 2007
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
Sororoca
Sororoca (Scomberomorus brasiliensis)
Classe: actinopterygii
Ordem: perciformes
Família: scombridae
A sororoca é um peixe do oceano Atlântico, ocorrendo de Belize ao sul do Brasil, incluindo as Antilhas Holandesas, Cuba, Aruba e Trinidad e Tobago.
Habita a zona nerítica (região de águas rasas próxima à linha da costa) e é uma espécie pelágica (do mar aberto), chegando a até a 130 metros de profundidade. Utiliza muito áreas costeiras, próximas às rochas, ilhas e praias abertas.
A reprodução ocorre aproximadamente a partir dos 3 anos para fêmeas e 4 anos para machos, quando apresentam tamanho de aproximadamente 41cm e 44cm respectivamente. Podem chegar a 125cm de comprimento, 6kg e o tempo de vida é de cerca de 13 anos.
É um animal carnívoro cuja dieta é baseada principalmente em peixes, mas come também camarões e moluscos.
É considerada fora de perigo de extinção, mas por ser uma espécie comercial sua população está diminuindo devido à sobreexploração. Esse problema não é privilégio apenas dessa espécie, pois a utilização de métodos de pesca predatórios são comuns nos oceanos e rios brasileiros e, para piorar, apenas cerca de 1,5% da área marinha brasileira está protegida por lei em forma de unidades de conservação.
Essa foto foi tirada no mercado municipal de Cananeia, litoral sul do estado de São Paulo.
Fontes:
www.fishbase.org
www.iucnredlist.org
www.oeco.com.br
www.mma.gov.br
E referências dos próprios sites.
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
Gaivotão
Gaivotão (Larus dominicanus)
Classe: aves
Ordem: charadriiformes
Família: laridae
Grande gaivota com cerca de 60cm. O adulto é branco com as partes superiores pretas, pernas, pés e bico amarelos. O imaturo é manchado, meio cinza, meio pardo, com bico e pés cinza escuros.
Sua distribuição é em praticamente todo o hemisfério sul. Ocorre do litoral sul do Equador, passando pelo Chile, Terra do Fogo, incluindo as Malvinas, até o Espírito Santo. Também em algumas regiões da Antártica, África, de Angola ao sul de Moçambique e sul de Madagascar. Na Oceania na costa leste da Austrália e toda Nova Zelândia.
Possui alimentação onívora, incluindo principalmente peixes, mas também animais mortos, invertebrados, pererecas, pequenos mamíferos e ovos. Costuma seguir barcos de pesca para se aproveitar dos peixes "rejeitados".
Como outras aves marinhas possui um problema fisiológico para a excreção de sal, contornado com a transformação das glândulas supra-orbitais em glândulas excretoras de sal.
No Brasil nidifica no inverno, em ilhas próximas à costa.
A espécie está fora de perigo de extinção.
A foto do blog foi tirada em cima do mastro de um barco no porto de Cananeia, em abril de 2011.
Fontes:
Ornitologia Brasileira - Helmut Sick
Aves do Brasil - Tomas Sigrist
www.iucnredlist.org
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
Sauim-de-manaus
Sauim-de-manaus (Saguinus bicolor)
Classe: mammalia
Ordem: primatas
Família: callitrichidae
Antes era chamado de sauim-de-coleira, mas o nome mudou devido sua distribuição que é apenas na região de Manaus, nas margens esquerda dos rios Negro e Amazonas. Como espécie endêmica de uma pequena área e essa área estar sob forte pressão antrópica e crescente urbanização S. bicolor é considerada espécie ameaçada e sua população está em declínio.
Essa foto foi tirada no Parque Municipal do Mindu que é, juntamente com a área florestada da UFAM (Universidade Federal do Amazonas) e a Reserva Florestal Adolpho Ducke, um dos melhores locais para a observação desse animal.
São animais pequenos, pesando entre 400 a 560g.
Costumam utilizar o estrato inferior da floresta em pequenos grupos de 4 a 15 indivíduos, se alimentando preferencialmente de frutos, flores, exudatos das árvores e artrópodes. Talvez a estratégia de não utilizar muito o dossel ou as porções mais altas das árvores seja devido à uma maior vulnerabilidade ao ataque de predadores, como algumas aves de rapina.
Habitam florestas secundárias e outras formações abertas como campinaranas e capoeiras e sua área de uso é de cerca de 12 hectares.
No estudo de Egler (1992) foi mostrado que a fêmea da à luz a 2 filhotes e a reprodução ocorreu entre maio e novembro.
Fontes:
Egler, G. S. Feeding Ecology of Saguinus bicolor bicolor (Callitrichidae: Primates) in a Relict Forest in Manaus, Brazilian Amazonia. International Journal of Primatology, 59 (2), 1992.
Vidal, M. D., Cintra, R. Effects of forest structure components on the occurence, group size and density of groups of bare-face tamarin (Saguinus bicolor - primates: Callitrichinae) in Central Amazonia. Acta Amazonica, 36(2), 2006.
Mammals of the Neotropics. John Eisenberg e Kent Redford.
www.iucnredlist.org